A recente pesquisa Raio X FipeZAP revelou uma significativa redução na intenção de compra de imóveis no Brasil, atingindo o menor nível desde o início da pandemia. No último trimestre de 2023, apenas 38% dos respondentes mostraram interesse em adquirir propriedades, um declínio comparado à proporção anterior de 41%.
Essa tendência marca um ponto de inflexão significativo no mercado imobiliário, que vinha se recuperando gradualmente desde o impacto inicial causado pela crise sanitária global.
De acordo com Lucas Gerez, economista do DataZAP, este movimento tem uma estreita correlação com as variações na Selic, a taxa básica de juros do país. Uma trajetória de diminuição desses juros, iniciada em 2017 e acelerada durante a pandemia, culminou em uma taxa histórica baixa de 2% ao ano. Esse cenário se mostrou propício ao aumento nas intenções de compra no mercado imobiliário, motivando muitos a investirem em imóveis como forma de capitalização.
Resumindo (TLDR)
- Redução na Intenção de Compra: Pesquisa Raio X FipeZAP mostra queda na intenção de compra de imóveis no Brasil, com apenas 38% dos respondentes interessados, o menor nível desde o início da pandemia.
- Influência da Selic: A variação na taxa Selic é apontada como um fator crítico, onde sua elevação recente resultou no encarecimento do crédito imobiliário, afetando negativamente a intenção de compra.
- Perspectivas Futuras: Apesar da queda, há otimismo para o segundo semestre de 2024 devido ao início da redução da Selic em setembro passado, esperando-se um impacto positivo no mercado imobiliário.
- Mudança no Perfil de Compra: A pesquisa também indicou uma preferência crescente por imóveis para moradia em detrimento de investimentos, influenciada pelo aumento das taxas de juros e programas habitacionais.
- Demografia dos Respondentes: O estudo abrangeu 1.219 usuários dos portais ZAP e Viva Real, majoritariamente homens (53%), com idade média de 49 anos e renda domiciliar de até R$ 10 mil.
Perspectivas e Mudanças no Comportamento de Compra de Imóveis
No entanto, a narrativa começou a mudar a partir de 2021, quando a Selic experimentou um rápido aumento, atingindo o patamar de dois dígitos já no início de 2022. Esse cenário resultou em um encarecimento do crédito imobiliário, fazendo com que muitos potenciais compradores revissem seus planos de aquisição de imóveis.
Apesar desse revés, o economista sugere que o horizonte para o próximo ano pode ser mais promissor. Uma nova tendência de redução na Selic foi iniciada em setembro do ano passado, situando a taxa em 11,25% ao ano. A expectativa é de que, com a continuação dessa queda, o mercado imobiliário sinta efeitos positivos já a partir do segundo semestre de 2024, especialmente no que tange à aquisição de imóveis para investimento.
Além das flutuações econômicas, a pesquisa também revelou mudanças no perfil de compra dos brasileiros. Uma maior porcentagem dos compradores se mostrou inclinada a adquirir imóveis para moradia, em detrimento dos investimentos. Tal tendência, observada ao longo de todo o ano de 2023, pode ser atribuída tanto à elevação das taxas de juros quanto ao impulso dado pelos programas habitacionais voltados à aquisição de imóveis de caráter econômico.
O Raio X FipeZAP tem como público-alvo aproximadamente 1.219 usuários ativos dos portais ZAP e Viva Real, abrangendo todas as regiões do país. Os respondentes incluem compradores recentes, potenciais compradores futuros e proprietários de imóveis. A pesquisa revelou um perfil demográfico com predominância de homens (53%), idade média de 49 anos, e uma maioria (69%) com renda domiciliar de até R$ 10 mil.
As pessoas também perguntam (FAQ)
Como o aumento da Selic afeta o valor dos imóveis?
O aumento da Selic geralmente resulta em um encarecimento do crédito, incluindo o imobiliário, o que pode desacelerar a demanda por imóveis e, em alguns casos, levar a uma estabilização ou redução nos preços dos imóveis, especialmente se o custo do financiamento se tornar proibitivo para muitos compradores.
Quais são os melhores tipos de imóveis para investir durante flutuações na Selic?
Durante períodos de alta na Selic, imóveis de menor valor e com maior potencial de valorização a longo prazo, como apartamentos pequenos em áreas urbanas com boa infraestrutura, podem ser mais atraentes, pois tendem a ser mais acessíveis e apresentar retornos de aluguel relativamente estáveis.
Como os programas habitacionais influenciam o mercado imobiliário?
Programas habitacionais podem estimular a demanda por imóveis de caráter econômico, aumentando o acesso à moradia para famílias de menor renda. Isso pode impulsionar o setor de construção civil, diversificar o mercado imobiliário e contribuir para a estabilidade dos preços em segmentos específicos.
Existe alguma diferença regional significativa na intenção de compra de imóveis?
Embora o texto não especifique, é comum que existam variações regionais na intenção de compra devido a fatores como economia local, disponibilidade de crédito, e incentivos governamentais. Regiões com economias mais fortes ou com maior oferta de programas habitacionais podem apresentar padrões distintos de demanda.
Glossário
Selic (Taxa Básica de Juros): Taxa determinada pelo Banco Central do Brasil, que influencia todas as outras taxas de juros no país, incluindo o custo do crédito imobiliário.
ZAP e Viva Real: Portais de imóveis que oferecem anúncios de venda e aluguel de propriedades, utilizados como base para a pesquisa Raio X FipeZAP.
